Cunha: um refúgio natural em São Paulo
Vamos subir a serra paulista?
Introdução
São Paulo, a maior cidade do Brasil e um verdadeiro centro cultural e econômico, é conhecida por sua diversidade, dinamismo e riqueza histórica, além de nos oferecer diversas atrações repletas de natureza! Hoje seguimos para Cunha, situada na região serrana do estado e que é um destino encantador que combina o charme de uma cidadezinha com a exuberância da natureza.
Cunha destaca-se por suas paisagens deslumbrantes, sendo um verdadeiro refúgio para aqueles que buscam tranquilidade e contato com a natureza.
Neste post conto com a colaboração de Viviane Foppa, nossa gerente de conteúdo e autora das fotos, e ela conta para vocês sobre sua experiência de viagem para Cunha. Vamos descobrir cunha?
Cunha e seus encantos!
Cunha é uma cidade pequena, mas bem organizada. Seu centro é concentrado em uma rua principal, mas que nos oferece boas opções de hospedagem e alimentação, além de faciliades como farmácia e mercadinhos.
De São Paulo para Cunha são quase três horas e meia de viagem (cerca de 235 km de distância), mas conforme nos aproximamos da serra a paisagem compensa! Os campos verdejantes atraem nossos olhos e o ar puro parece nos convidar a deixar para trás o caos e o “cinza” da cidade grande.
Cunha oferece inúmeras opções de hospedagem e a grande parte delas: pousadas! Há diversas delas ao redor do lago da cidade, e apesar de simples são muito confortáveis! Em relação aos preços: bem acessíveis, e a calma da cidade é algo que chama atenção.
Tudo ali é muito slow! Para quem está acostumado com a agitação da cidade grande pode parecer estranho à primeira vista, mas depois de dois dias por ali a gente “pega o ritmo”!
A história de Cunha
A história de Cunha remonta ao período colonial brasileiro. A região, que hoje compreende o município, foi habitada inicialmente pelos índios Puris. No entanto, a colonização europeia teve início no século XVII.
A região de Cunha fazia parte do caminho utilizado pelos bandeirantes em suas expedições, e a descoberta de ouro nas proximidades impulsionou o desenvolvimento da área. O povoado que surgia tornou-se um ponto estratégico para a exploração do ouro nas minas de Paraty, no litoral fluminense.
Ao longo dos anos, Cunha teve seu papel econômico alterado, passando de um centro de mineração para um importante ponto de passagem para os tropeiros que se dirigiam à cidade de Paraty, levando mantimentos e trazendo ouro e produtos da região litorânea.
O século XIX trouxe consigo o declínio da atividade mineradora na região, mas Cunha não perdeu sua importância estratégica. O ciclo do café, que impulsionou a economia paulista nesse período, também teve impacto em Cunha, estimulando o desenvolvimento agrícola.
Ao longo do tempo, Cunha passou por diferentes ciclos econômicos, adaptando-se às transformações sociais e econômicas. No século XX, a cidade começou a se destacar pela produção de cerâmica artesanal, sendo reconhecida por seus ateliês e artesãos talentosos.
O município preserva seu patrimônio histórico e cultural, mantendo viva a herança deixada pelos diferentes ciclos que moldaram sua trajetória ao longo dos séculos.
O que ver em Cunha?
Cunha, essencialmente, é voltada para os apaixonados pela natureza. Cachoeiras, montanhas, verde para todos os lados, Cunha é rodeada de natureza e os passeios exigem um carro. As estradas nem sempre são asfaltadas, e algumas são bem distantes, mas o GPS dá conta.
Vale lembrar que o celular fica sem sinal em diversos pontos da cidade, especialmente em pontos mais remotos, o que torna Cunha o destino perfeito para quem quer se desligar de tudo! Literalmente!
Abaixo trago uma lista do que ver em Cunha em quatro dias de viagem!
O Lavandário de Cunha
Um dos pontos turísticos mais lindos e famosos da cidade é, claro, o Lavandário. Essa é uma atração que encanta os visitantes com campos de lavanda em meio às montanhas. Além do aroma agradável, o local proporciona um ambiente sereno e colorido, ideal para passeios relaxantes e fotos encantadoras. Sem contar a vista do alto que é deslumbrante!
Os campos extensos de lavanda são a atração principal do Lavandário, mas ali você também encontra pés de manjericão e alecrim, e o conjunto da obra é um presente para nossos olhos!
Viajamos no mês de janeiro, e embora a alta a temporada de floração seja, geralmente de setembro a dezembro, os campos não deixaram nada a desejar: belíssimos! Mesmo “fora de temporada” os visitantes são presenteados com um espetáculo de cores, com tonalidades de roxo e lilás que se estendem até onde os olhos podem alcançar. É um cenário perfeito para fotos e para apreciar a beleza natural. O pôr do sol dali é esplêndido, tingindo as montanhas de dourado e se mesclando com o verde da vegetação de forma magnífica!
Os visitantes têm a oportunidade de percorrer trilhas ou caminhos demarcados entre os campos de lavanda. Isso permite uma experiência imersiva, onde é possível tocar e cheirar as plantas, além de desfrutar da serenidade do ambiente.
O Lavandário conta também com uma loja muito charmosa que oferece uma variedade de produtos relacionados à lavanda e fabricados ali mesmo. Desde óleos essenciais e sachês até produtos de cuidado pessoal, os visitantes podem levar para casa lembranças perfumadas desse local encantador.
Aproveite para tomar um sorvete exótico na cafeteria do local. Entre eles experimente os sorvetes de alecrim, limão siciliano, chocolate com lavanda e maçã com lavanda (que ganhou nosso coração).
Sobre o sorvete de lavanda… há controvérsias: há quem ame, e há quem odeie, mas – na dúvida – experimente!
Uma dica: é possível subir de carro, mas caso prefira fazer uma breve caminhada, deixe o carro no estacionamento inferior. A subida a pé é tranquila, embora seja íngreme!
O Lavandário de Cunha não é apenas um local visualmente atraente, mas também proporciona uma pausa tranquila e relaxante para os visitantes, onde podem desfrutar da beleza natural e dos benefícios aromáticos da lavanda. Essa atração é uma excelente opção para quem busca uma experiência diferenciada em meio à natureza e à cultura local.
O Olival de Cunha
Para os amantes do azeite de oliva uma boa pedida é visitar o Olival.
Uma curiosidade sobre o local: eles começaram a plantação de azeitonas por ali em 2013, no entanto uma oliveira demora entre 20 a 25 anos para que atingir sua plena produção, que é de cerca de 25 kg de olivas, porém são necessários, aproximadamente, 10 kg de azeitonas para a extração de apenas 1 litro de azeite, ou seja: as plantas ainda são “bebês”, mas ainda assim formam um panorama lindíssimo, que nos rodeia de diversos tons de verde!
O passeio pela propriedade é livre: basta chegar, estacionar e explorar o local, mas caso queira ali funciona um hotel e um bistrô – caso queira conhcer o restaurante: vá cedo, pois fica LOTADO e eles atendem por ordem de chegada.
O espaço é belíssimo e as árvores muito bem cuidadas! Não é um passeio longo, mas para quem gosta de natureza: vale a pena! Na propriedade há mesas, cadeiras, espriguiçadeiras, e alguns animais soltos. Você pode sentar por ali e passar um tempo contemplando tudo com calma e tranquilidade!
Também é possível fazer uma degustação de azeites, e um tour mais aprofundado pelas oliveiras. Caso tenha interesse, basta clicar aqui para maiores informações!
A Cachoeira do Pimenta em Cunha
Outra grande atração de Cunha são as cachoeiras. Entre as mais famosas temos a Cachoeira do Desterro e a Cachoeira do Pimenta. Optamos pela do Pimenta, pois os moradores locais disseram que era a mais bonita da zona, e para lá fomos!
A estrada para chegar até lá é bem acidentada: parte dela (cerca de 2km) é de asfalto, a outra parte de terra e cascalho (10km). O GPS te leva até lá sem nenhum problema, mesmo sem sinal no celular. Além do mais o local é sinalizado, por isso não há tanta dificuldade de chegar até lá!
A trilha é bem íngreme, mas nada de absurdo. Também é possível descer de carro, e o local não oferece nenhuma estrutura como banheiro, bar ou restaurante, portanto leve bebidas e comidas, além de toalha e protetor solar.
A cachoeira é linda! E é possível subir até o “início” dela através de uma trilha alternativa. Tome cuidado, pois alguns pontos são bem escorregadios e algumas pedras estão soltas. A água é bem gelada e, também, o acesso é escorregadio. Há uma parte com um pequeno “banco de areia”: do lado esquerdo: é mais fácil entrar na água por ali!
Essa cachoeira é responsável pela distribuição de água para a cidade e sua nascente tem uma queda de 70 metros de altura!
A Pedra da Macela e sua vista panorâmica!
Pois bem! Este é um dos passeios mais famosos de Cunha: a Pedra da Macela!
Localizada a 1.845 metros de altura nos oferece vista de toda a região serrana e de Paraty… em dias claros! No dia anterior à nossa visita por lá choveu, e o dia seguinte amanheceu nublado, mas somos destemidos e pensamos: VAMOS! Afinal era nosso penúltimo dia em Cunha!
O que lemos? “Sua localização privilegiada permite uma vista deslumbrante que abrange não apenas a cidade de Cunha, mas também parte da Baía de Paraty, no litoral fluminense.” O que vimos? Nuvens! MUITAS nuvens!
O caminho para chegar até lá é asfaltado, mas a subida MUITO, MUITO íngreme! Eles a classificam como dificuldade moderada, mas por experiência própria: é difícil, minha gente! Caminhamos por quase 2,5km, rezamos 25 vezes, pegamos frio, calor, sol, chuva, neblina, repensamos o motivo da escolha, pensamos em voltar: mas chegamos ao topo! Não tinha ninguém! Hahaha…
No topo da Pedra da Macela, há uma estrutura de madeira que proporciona um mirante elevado. Essa plataforma oferece aos visitantes um local seguro para apreciar a paisagem e tirar fotos. É um ponto popular para contemplação e relaxamento.
“Dá para subir de carro?” NÃO! Eles estão fazendo obras por ali para que, futuramente, volte a subir veículos, porém, por enquanto, só a pé!
Na descida viemos de carona na cabine de um caminhão! Hahaha… o anjo que nos deu carona nos mostrou uma foto de como é a vista do alto em um dia claro, e, realmente, é MAGNÍFICA! Mas subimos por teimosia, pois assim que você entra no parque onde está a Pedra da Macela, o guarda florestal já informa sobre a visibilidade! E no nosso dia a visiblidade era: ZERO!
Ainda assim: as nuvens “dançando” entre as montanhas também gera um espetáculo natural bem interessante, belíssimo! A grandiosidade da natureza é assombrosa, portanto: valeu a pena, sim!
Uma dica de ouro: para chegar até lá na rodovia preste atenção na entrada para a Pedra da Macela. Ela fica à ESQUERDA! Quase escondida em uma lindeza de “montes” de hortênsias azuis.
No topo da Pedra também tem uma área para quem pretende acampar. O nascer e o pôr do sol do alto é bem interessante – disseram, porque não vimos nem a vista, que dirá o sol! Hahahaha…
Café Moara em Cunha
Um dos lugares mais charmosos de Cunha é o DELICIOSO Café Moara.
Eles acertaram em cheio ao fazer um lugar que mescla cafeteria e loja com produtos locais e artesanais! O local é super agradável e nos oferece uma infinidade de produtos artesanais.
Merece destaque o Brownie de Pinhão! A medida certa entre chocolate e pinhão!
Os preços são bem justos, e o Moara está bem localizado e bem indicado. Não tem erro chegar ali! O ambiente é bem retrô, a decoração super interessante e na parte de trás do local há um jardim lindíssimo para você poder degustar seus quitutes!
Outro local bem gostoso para tomar um café é a Fazenda Aracatu. Com um fogão à lenha no meio da loja, os produtos vendidos ali também são artesanais, e você encontra ótimas opções de doces e salgados, inclusive pães de semolina para levar para casa.
Uma dica importante: se quiserem almoçar em algum restaurante em Cunha, não deixe para almoçar após às 15h30, pois todos eles estarão fechados.
Em um dia de passeio voltamos para a cidade e decidimos almoçar um pouco mais tarde! Uma ilusão: tudo já estava fechado. Tomamos um lanche (excelente!) na Padaria do Celso, e este foi o almoço! Outra coisa: como já disse anteriormente, tudo lá é LENTO! Então: tenha paciência, pois eles vivem em outro ritmo!
Alguns lugares excelentes para comer lá em Cunha são:
:: Padaria do Celso: uma padaria com lanches e salgados deliciosos! Custo benefício excelente!
R. Dom Lino, 81 – Cunha, SP
:: Restaurante Dona Dita: Foi o que eu mais gostei! Self service com uma comida deliciosa e muita opção! O ambiente é lindo!
Praça Cônego Siqueira, 46 – Cunha, SP
:: Jeca Grill: não tem tantas opções, mas a comida é gostosa, e super em conta! Vale conhecer!
Rua Dr. Casemiro da Rocha, 43 – Cunha, SP
:: SOS Restaurante, Pizzaria e Choperia: ótima opção para um jantar mais rápido! Tem pizza, pratos feitos, porções (bem servidas!), e está bem localizado!
Rua Major Santana, sem número – Cunha, SP
:: João e Maria Chocolateria: com chocolates bem bonitinhos, oferecem sucos bem diferentes, gostosos, e interessantes, além de quitutes super gostosos!
Rua Comendador João Vaz, 34 (na Rua do Calçadão da Igreja Matriz), Cunha, SP
Outras curiosidades de Cunha…
Cunha é a capital do fusca! A cidade é repleta deles – quando vir o tal do fusca azul, lembre-se de dar o tapinha camarada em quem estiver contigo!
Cunha também é muito famosa por suas cerâmicas! Há diversos ateliês espalhados pela cidade e é possível conhecer alguns deles, além de comprar peças bem interessantes!
Como chegar?
Cunha deve ser visitada de carro, pois muitas das atrações ficam “fora” da cidade.
Saindo de São Paulo, pegue a Rodovia Presidente Dutra (BR-116) em direção ao Rio de Janeiro. Após cerca de 150 km, pegue a saída para a Rodovia Carvalho Pinto (SP-070). Continue na Carvalho Pinto até a cidade de Taubaté. Em Taubaté, pegue a Rodovia Oswaldo Cruz (SP-125) em direção a Ubatuba. Cunha está localizada a cerca de 50 km de Taubaté, e há placas indicando o caminho.
Aproveite sua ida e, na volta, faça uma parada estratégica em Aparecida do Norte. Fica pertinho de Cunha!
Concluindo…
Cunha destaca-se como um destino encantador que mescla a serenidade de suas paisagens naturais com a riqueza de sua cultura artesanal. A cidade é um refúgio para aqueles que buscam escapar do ritmo acelerado da vida urbana, proporcionando momentos de relaxamento e contemplação. Seja explorando suas belezas naturais, apreciando a arte local ou desfrutando da hospitalidade da comunidade, Cunha se revela como um tesouro escondido que convida os viajantes a descobrirem e se maravilharem com seus encantos singulares.